2012 Finalista Prêmio Jabuti

Preguiça, Coragem e Outros Bichos

infantil, poesia

Um livro vivo faz você poetar e pintar bicho!

PREGUIÇA, CORAGEM E OUTROS BICHOS (Curitiba: Editora Insight, 2012), é um livro interativo de poesia infantojuvenil, finalista do Prêmio Jabuti 2013 na categoria paradidático, escrito por Priscila Prado, e ilustrado por Christiane Coelho, Clara Yamada, Eve Ferretti, Gerson Cordeiro, Marcelo Lopes, Marcia Széliga, Mari Ines Piekas e Priscila Sanson.

Logo de cara a autora te convida para colorir uma grande mata povoada de galhos, folhas, flores e bichos de todos os tipos! Depois desse delicioso exercício, já é possível um doce mergulho MATA ADENTRO, onde “(…) ruídos silvestres de seres pacíficos/flores e olhos de bicho/ – atenuam a penumbra – (…)” (2012, p. 5) da trilha. Chega a vez do lagarto: será todo esse verde da floresta verde-escuro ou verde-claro? Para saber desse mistério, só mesmo perguntando ao senhor MISANTROPO! Do chão verde seguem os olhos ao azul lá do alto: voa longe O ABUTRE, avisando que é útil a sua sina, mesmo sendo um tanto feia a cabeça que te espia lá de cima! Por isso não se assuste: mesmo assim você pode outra vez colorir todo o pedaço do papel onde voa o abutre pelo céu!

Como esse céu é muito vasto, nele também cabe o anu-branco, AVE DE BOM AGOURO, que traz lembranças de criança e do vovô que diz: “(…) seja bem-vinda!/sustenta-te a terra!/vai com Deus! (…)” (2012, p. 10). Bem por isso a poeta deixa espaço pra você brincar de traço – ali mesmo você pode desenhar o anu-branco fazendo rodopios pelo ar de causar espanto! Tem até CASA NA ÁRVORE e o cateto que é uma fera; tem jacaré todo festeiro, esperando a poesia ser escrita no terreiro; “(…) tem sagui de galho em galho/com cabelo espevitado (…)” (2012, p. 14), e tem criança que avisa: SAI DAÍ, SAGUI!

a cigarra desgarrada
irrompe cantando em pleno inverno
solícita e monótona
a operosa artista
fazendo hora extra antes da hora


o estio vespertino, precipitado,
precipitou-lhe o canto antecipado
solitária solista a cigarra spalla
monopoliza as atenções e exige:
“afinem-se os instrumentos!”

Esse livro é mesmo um encanto, a gente se sente de verdade na floresta, onde os bichos com liberdade vivem fazendo a maior festa, como ARMADILLO, O TATU-BOLINHA, que adora rolar feito bola e aguarda ansioso que você faça seu retrato colorido ou em branco e preto! Um bem-te-vi também passa por aqui, parecendo avisar, como num PRESSÁGIO, a urgência de algum tempo de chuva no horizonte não muito distante. Enquanto a chuva não chega, da JANELA é possível ver a garça lá no céu, “(…) levando no bico um galhinho/ – tijolo para o seu ninho – (…)” (2012, p. 19).

Até a noite é uma verdadeira alegria para a autora dessa poesia: o VAGA-LUME encanta, fazendo luz no pisca-pisca em uma doce brincadeira de esconde-esconde! Tem lugar até mesmo para o bicho mais temido de todo esse mundão: o tal dO BICHO-PAPÃO que dizem morar embaixo da mesa! E quando amanhece, adivinhem quem aparece? Uma linda borboleta-azul vem pedir uma prece: escreva a poesia que ela merece!

A floresta da Priscila é, de fato, repleta de imaginação, fantasias e muita alegria, pois não podemos esquecer das engraçadas saracuras, que saltitam felizes, porque é bem verdade que ELAS ACHAM GRAÇA DA VIDA! Por isso mesmo tem bastante espaço para que elas sejam representadas por teu talentoso traço! Depois disso chegam muitos quatis fazendo bagunça: comem frutinhas vermelhas até se empanturrar, e depois se esticam para aguardar um alegre poema você registrar!

Até mesmo A CIGARRA DESGARRADA, alterando os planos dos concertos de verão, gosta de cantar em pleno inverno, parecendo gritar toda atrevida em alto e bom som: “(…) afinem-se os instrumentos (…)” (2012, p. 25), e desenhem-se meus majestosos cantos e encantos!

Tem o tucano que espera por você, caro leitor, para que lhe escreva logo algum poema; e o peixe-boi-marinho, a receber das meninas um carinho em palavras escritas sobre as águas!

Diz ainda a poeta que “VOVÔ VIU A ONÇA no mato/quando era moça (…)” (2012, p. 30). Também tem vez nessa floresta A PREGUIÇA, e há quem pergunte se é verdade que ela é preguiçosa ou “(…) será que o que falta é coragem? (…)” (2012, p. 32). Quem sabe dizer… Não faz mal se você não souber, mesmo assim com lápis de cor você terá muito a fazer, colorindo a preguiça – tão agarrada ao tronco que até parece uma forte corda de treliça!

Afinal de contas, no final das contas, também sobra na floresta (e na vida) muita ESPErseveRANÇA, porque, como diz Priscila, até a araponga, tão pequena e fácil presa, sabe fazer soar alto o seu grito, transformando qualquer medo em grande meio de defesa!

Que tal navegar nessas páginas coloridas, ou a colorir e escrever, de muita vida? Basta encontrar com a PREGUIÇA, CORAGEM E OUTROS BICHOS, que você logo saberá ‘com quantos versos se faz uma floresta cheinha de ‘gente’ boa!

Recomendo muito esse livro tão vivo e que espera, ansioso, por sua leitura, palavra, pintura e traço!

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