literatura, filosofia, vida, morte, arte - e outras bobagens da pauta de poeta
direitos autorais de prosa, poesia e imagens: Priscila Prado, exceto quando expressa referência.

Categoria: POEMAS PRÓPRIOS

a insustentável leveza…

Agora é tempo de frutificarem as paineiras: estiveram floridas, encheram-se de bolotas e, agora, estão cobrindo tudo de algodão…então, aí vai – em homenagem a elas e a nós:

andar à toa
na superfície
do chão

voltar à tona
das entranhas
– insanas –
da mágoa

alçar o olhar mais acima:
o fruto da paineira tem peso
– tanto que cai
quebra
liberta
a paina, leve, flana

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Diversidade é nossa pátria

nosso país é o mundo:

vasto, vário, intenso

( – fronteiriço a outros mundos:

vastos, vários, intensos)

azul

sustentado em densidade de pedra, água, terra, ar

latejando sonoro, vibrante,

verde

dourada

sabedoria no secreto coração

de tantas cores tisnado que refulge

branco:

a paz

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DIA DOS NAMORADOS

do formol da memória
assomam, em suspensão:
os namorados sem chulé
sem mau hálito
sem mau humor
sem ciúme
sem vacilo
sem cismas
sem críticas

(- tão jovenzinhos!…)

agito o frasco:
estão mortos.
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no rumo

você sabe que está no ramo certo
quando lazer
é trabalhar
você sabe que está no rumo certo
quando prazer
é caminhar
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DIA DAS MÃES

Um choro de criança
encostou na minha alma
de criança:
Ela chamava “mãe!”,
entre soluços
– mas sua mãe não respondia.
Nem a minha.

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CORRENTEZA

suspensa em nada me sustento
escorada na qualidade da aurora
no frio tilintar da garoa cinza
o pio de ave anônima me fisga
e sustém: incômodo
anzol encravado em minha asa esquerda
O chão! O chão! – esta certeza
é o que permite respirar
na correnteza
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RECONCILIAÇÃO

sol, lua, flor, estrela,…
Reconciliar-se com a vida:
olhar a beleza
– e vê-la.
(este é da adolescência…
achei que valia a pena postá-lo
porque marejou os olhos
de meu filho adolescente)
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INÉRCIA

o lado largo da curva
onde a inércia atua
a tangente seduz
e você recua
o espaço tempo exato
em que a centrípeta
enfrenta a fuga
(in “a qualquer momento AGORA”, 2005, ed.da autora, p. 48)
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AVESSO

Quando
arranquei
todas as máscaras,
Restou-me a face
em carne viva

Quando arranquei
todos os trajes
Restou-me a carne
o pulso, o sangue
ossos expostos
arestas vivas

Quando arranquei toda a carne
Restou-me o passo,
o pensamento
avesso latejante:
a alma viva

(Priscila Prado, jan 2010)

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huMANO

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