2021

Gênero: poesia

poesia

Otsus – poemas e interjeições

Informações: Otsus é livro, é poema, é um sentimento que não tinha nome… agora tem!

– e tem a companhia de muitos outros poemas e sentimentos dentro do livro Otsus.

Você pode até não saber o que é Otsus…

mas com certeza Otsus já aconteceu com você!

Ninguém escapa: mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, 

Otsus acontece para toda a gente.

Quando aconteceu comigo, descobri que não tinha nome.

Precisei inventar: chamei de Otsus.

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Poesia do Brasil

Vol. 19. Bento Gonçalves, Grafite: 2014.

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Encontros Desconcertantes

Encontros Desconcertantes é livro, exposição, oficinas e outras intervenções poéticas deflagradas a partir dos pares de poemas e fotos selecionados pela autora.

São desconcertantes os encontros do ser no mundo – que é o espaço onde ele se conhece. É desconcertante reconhecer-se no outro. Reconhecer seus limites. O desafio do tempo. A beleza, mistério e perigos da natureza. A poesia que tudo permeia. E, o mais desconcertantes dos encontros: o do sujeito consigo mesmo.

Além do incentivo à leitura em geral – de poesia, em particular -, o projeto incentiva à leitura do mundo, à reflexão, à autonomia do pensamento.

O humor atravessa a obra – de forma mais ou menos sutil -, ora nos próprios versos do poema, ora na ironia da foto que com ele dialoga.

Projeto Gráfico: Gerson Cordeiro (Nexo Design).

descoberta arqueológica

somos o homem pré-histórico
em relação aos seres do futuro:
somos precários, grosseiros, rudes, obtusos
– e peludos.

Porque viver ‘É poesia que se desconcerta’

A mais recente obra da poeta Priscila Prado tem como título Encontros Desconcertantes (Curitiba: Editora Insight, 2018). Priscila trabalha nesse livro fazendo poesia com palavras e imagens, numa mistura incrivelmente deliciosa de ver – e ler! Como muito bem dito na quarta capa, “encontros desconcertantes é palavra e imagem. É poesia que se desconcerta quando encontra o olhar, a escuta, a alma do leitor. Desconcerta-se e segue. Aberta”.

O livro todo mergulha nesse recorte mágico entre imagem e palavra e, sendo assim, o que a palavra não alcança, a imagem que a circunda dá conta de o fazer, e vice-versa (ou vice-verso?), num encantador jeito de fazer acontecer o encontro com o ‘mundo’, com o ‘outro’, com o ‘limite’, o encontro com o ‘tempo’, com a ‘poesia’, com a ‘natureza’, para, ao final, reverberar tudo isso bem fundo, no encontro ‘consigo’ mesma.

Na busca da poética do encontro com o mundo, a autora viaja, literal ou linguisticamente, nos voos da alma ou nos passos chão a chão, porque para Priscila viajar é “apropriar-se de cada destino/até ao mundo todo/pertencer” (2018, p. 9). Nesse encontro com o mundo o caminhante é talvez o protagonista mais importante da palavra poética, porque são seus passos pelo vasto mundo – do real ou da imaginação – que trazem ao coração a palavra a ser dita, poetizada na medida certa. Até a metrópole encontra lugar no olhar de Priscila, porque a cidade acolhe a vida, o homem, a tristeza, a saudade e a alegria – a cidade é a casa das dicotomias, sintonias e dissonâncias humanas. Assim, o mundo vai se transformando em um verdadeiro quadro de recortes, “fragmentos de um mesmo universo/coisas implícitas, outras cifradas (…)” (2018, p. 13), porque até as lembranças, o futuro, o verde do dia e o negro da noite, são preciosidades na poesia que se descortina sob o olhar de Priscila, que capta o essencial do ser urbano para dizer o cosmos “mundo afora, Universo adentro” (2018, p. 16). Enfim, o encontro com o mundo pode dar-se, inclusive, na palavra ambígua da busca, quando, “na ânsia de ser amado,/frequenta-se todos os lugares/onde o amor/não pode ser encontrado” (2018, p. 24).

A poeta vai ao encontro com o outro por meio de recados poéticos, flertes de olhares dados aos sentidos, no prazer da fruta e do fruto, porque no fundo, bem no fundo, “todo mundo quer ser feliz” (2018, p. 33). Para a autora pode até ser que o outro esteja entre as páginas de um livro lido, descoberto no sebo, entre medos, suspiros, risos escondidos que se escancaram ao estampido das palavras então libertas! Também o outro pode estar no meio da noite, na calçada, na estrada vazia, no jornal que descreve as mazelas na etiópia ou na dinamarca. Há que sempre buscar o outro pela poesia, é como entendo a poeta Priscila, nesses encontros desconcertantes que buscam consertos (e concertos!) à alma e ao coração errante. Por isso a premente necessidade de faxina – aquela mesma de lapidar arestas, recortar bordas pontiagudas, refazer ranhuras, costurar defeitos e desfeitos, entender dos medos, das raivas guardadas, de expectativas desconhecidas… “até chegar a este lugar que desconheço: o amor” (2018, p. 42).

Para encontrar o limite (que pode ser o avesso, o começo, o abismo, a planície, a vida aqui ou a vida lá, o muro, a memória do muro, a trégua – bandeira branca que ao vento balança – o real ou a ilusão, até chegar a morte pra dizer a todos ‘- daqui mais não!’), a poeta faz da palavra a linha que se estica toda e um dia arrebenta, porque para ela “a morte dá um medo/ – mas a eternidade,/uma preguiça!” (2018, p. 57). E o limite da poesia, que se desconcerta nesse encontro, pode estar até na medida do mal, porque “do mal só a porção exata/e necessária:/a dose homeopática/capaz de despertar/a possibilidade/do bem” (2018, p. 58). Porque o limite também é a vastidão do oceano, o navegar no mar, o entender que “o inferno/é não compreender o idioma/da alma” (2018, p. 62).

Priscila também busca o encontro com o tempo, em suas mãos que desenham poesia nas imagens recortadas dos olhos e materializadas em fotografias e palavras, numa incrível descoberta arqueológica dos sentimentos do mundo. Priscila de fato encontra, desconcertante, o tempo nas próprias memórias que, vez ou outra, passam-lhe despercebidas. As paisagens, ao tempo tão antigas, as memórias, as histórias, sempre tão antigas, desconcertando a vida que passa – sem ser percebida – deixando saudade, alvorada, ilusão, fazendo-nos pensar que “numa aurora qualquer/sem melancolia/o barco partirá/deixando acenos/e costas” (2018, p. 81).

Para encontrar com a poesia a autora veste-se de pescador, de isca, de peixe, até de poema, de dilema de dizer a palavra bem dita. Para encontrar com a poesia é preciso esquecer a poesia, mergulhar na palavra, “aceitar o risco/da palavra/ousar a lavra/lavrá-la – lavrar-se (…)” (2018, p. 88), porque em Priscila “o poeta vive de aparar arestas/estas/que há entre palavras/sentidos/minhas e tuas” (2018, p. 89). E a resposta à poesia vem da fonte: “- não,/a poesia não é útil:/é essencial!” (2018, p. 94).

Para o vital encontro com a natureza, a autora ara a terra em busca de vida, caminha pela alameda, vê o peixe no espelho d’água, “a areia a modelar o coração” (2018, p. 107), observa o poente e as sombras que o preenchem, sente o universo, o espaço, o firmamento, os ipês e as “nuvens até/fustigadas pelo vento” (2018, p. 113). Porque até o desconcertante encontro de si com a natureza pode ocorrer em insustentável leveza, ainda que por um instante seja possível que se esqueça que todos por aqui apenas passamos, “e nada foi feito para se guardar” (2018, p. 118).

Ao final, ao encontro consigo, a poesia de Priscila descobre “clandestinos,/anseios aventureiros/na viagem a si” (2018, p. 123). Nessa viagem a poeta escreve nas paredes das cavernas (da alma), sonha asas em suas costas (da alma), leva a solidão a passear “em queda livre no abismo da existência” (da alma) (2018, p. 126), encontra a criança nascida em si, chorando “como quem nasce” (2018, p. 127). Porque em si, em nós, “ante olhares indiscretos, indiferença, julgamento, troça/estamos todos em obras/com as entranhas expostas” (2018, p. 135) – porque viver, de fato – é fato – é estar ’em obras’!

Assim, está feito o trajeto de Priscila nesse ‘encontro’ poético: é preciso que a palavra viaje no ‘mundo’, faça contornos no ‘outro’, abranja volumes no todo e nas partes para compreender seu ‘limite’, aos ponteiros do relógio faça voltas no ‘tempo’, desenhe ‘poesia’ no arado da linha, observe e absorva o essencial da ‘natureza’, até que se depare no encontro, ainda que desconcertante, ‘consigo’ – na alma do regozijo!

Nic Cardeal

18.11.2018

Incentivo

Projeto realizado com o apoio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba

Projeto realizado com o apoio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

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Conexão II

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Alas, Pétalas e Labaredas

“A poesia, nesse livro, não se separa da vida, mas vive nela. É a chance de olhar de novo sobre as coisas, um cenário, uma fotografia, uma lembrança. (…) Contudo, Alas, pétalas e labaredas não oferece um mapa, mas uma escrita em zigue-zague que joga com os espaços da página em branco, com os signos gráficos da pontuação, permitindo projetar o poético além da palavra e da página, na música, na pintura, na escultura, na leitura em voz alta. O jogo se estabelece pela oposição de elementos semânticos que nunca ocupam o mesmo espaço, mas se complementam na criação de imagens em espiral. (…) Esse é o ritmo das palavras que tecem paisagens e cerzem combinações sonoras nessa obra, expressando consciência do tempo que passou, memória e afeto, reconhecendo aquilo que mesmo esquecido faz parte do eu, identificando-se no presente do gesto poético.” do prefácio de Isabel Jasinski para o livro ALAS, PÉTALAS & LABAREDAS

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No Olho do Paradoxo

Texto No Olho do Paradoxo

O olho do paradoxo é este espaço-tempo que habitamos, cada um ocupado em manter-se em equilíbrio – dinâmico, instável, vivo – no meio dos furacões da cotidianidade. Por isso estes poemas provisórios.”

Instigante, o livro brinca com o conceito do olho do furacão, local onde há calmaria provisória.

Assim também só poderá ser provisório o equilíbrio a encontrar ante os furacões da contemporaneidade, cada vez mais caracterizada pela pluralidade e diversidade: em permanente conflito e em busca de paz.

Os poemas provocam, questionam, intrigam e até divertem – mas tudo se transforma diante da passagem do furacão: o novo olhar do novo leitor.

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Preguiça, Coragem e Outros Bichos

Um livro vivo faz você poetar e pintar bicho!

PREGUIÇA, CORAGEM E OUTROS BICHOS (Curitiba: Editora Insight, 2012), é um livro interativo de poesia infantojuvenil, finalista do Prêmio Jabuti 2013 na categoria paradidático, escrito por Priscila Prado, e ilustrado por Christiane Coelho, Clara Yamada, Eve Ferretti, Gerson Cordeiro, Marcelo Lopes, Marcia Széliga, Mari Ines Piekas e Priscila Sanson.

Logo de cara a autora te convida para colorir uma grande mata povoada de galhos, folhas, flores e bichos de todos os tipos! Depois desse delicioso exercício, já é possível um doce mergulho MATA ADENTRO, onde “(…) ruídos silvestres de seres pacíficos/flores e olhos de bicho/ – atenuam a penumbra – (…)” (2012, p. 5) da trilha. Chega a vez do lagarto: será todo esse verde da floresta verde-escuro ou verde-claro? Para saber desse mistério, só mesmo perguntando ao senhor MISANTROPO! Do chão verde seguem os olhos ao azul lá do alto: voa longe O ABUTRE, avisando que é útil a sua sina, mesmo sendo um tanto feia a cabeça que te espia lá de cima! Por isso não se assuste: mesmo assim você pode outra vez colorir todo o pedaço do papel onde voa o abutre pelo céu!

Como esse céu é muito vasto, nele também cabe o anu-branco, AVE DE BOM AGOURO, que traz lembranças de criança e do vovô que diz: “(…) seja bem-vinda!/sustenta-te a terra!/vai com Deus! (…)” (2012, p. 10). Bem por isso a poeta deixa espaço pra você brincar de traço – ali mesmo você pode desenhar o anu-branco fazendo rodopios pelo ar de causar espanto! Tem até CASA NA ÁRVORE e o cateto que é uma fera; tem jacaré todo festeiro, esperando a poesia ser escrita no terreiro; “(…) tem sagui de galho em galho/com cabelo espevitado (…)” (2012, p. 14), e tem criança que avisa: SAI DAÍ, SAGUI!

a cigarra desgarrada
irrompe cantando em pleno inverno
solícita e monótona
a operosa artista
fazendo hora extra antes da hora


o estio vespertino, precipitado,
precipitou-lhe o canto antecipado
solitária solista a cigarra spalla
monopoliza as atenções e exige:
“afinem-se os instrumentos!”

Esse livro é mesmo um encanto, a gente se sente de verdade na floresta, onde os bichos com liberdade vivem fazendo a maior festa, como ARMADILLO, O TATU-BOLINHA, que adora rolar feito bola e aguarda ansioso que você faça seu retrato colorido ou em branco e preto! Um bem-te-vi também passa por aqui, parecendo avisar, como num PRESSÁGIO, a urgência de algum tempo de chuva no horizonte não muito distante. Enquanto a chuva não chega, da JANELA é possível ver a garça lá no céu, “(…) levando no bico um galhinho/ – tijolo para o seu ninho – (…)” (2012, p. 19).

Até a noite é uma verdadeira alegria para a autora dessa poesia: o VAGA-LUME encanta, fazendo luz no pisca-pisca em uma doce brincadeira de esconde-esconde! Tem lugar até mesmo para o bicho mais temido de todo esse mundão: o tal dO BICHO-PAPÃO que dizem morar embaixo da mesa! E quando amanhece, adivinhem quem aparece? Uma linda borboleta-azul vem pedir uma prece: escreva a poesia que ela merece!

A floresta da Priscila é, de fato, repleta de imaginação, fantasias e muita alegria, pois não podemos esquecer das engraçadas saracuras, que saltitam felizes, porque é bem verdade que ELAS ACHAM GRAÇA DA VIDA! Por isso mesmo tem bastante espaço para que elas sejam representadas por teu talentoso traço! Depois disso chegam muitos quatis fazendo bagunça: comem frutinhas vermelhas até se empanturrar, e depois se esticam para aguardar um alegre poema você registrar!

Até mesmo A CIGARRA DESGARRADA, alterando os planos dos concertos de verão, gosta de cantar em pleno inverno, parecendo gritar toda atrevida em alto e bom som: “(…) afinem-se os instrumentos (…)” (2012, p. 25), e desenhem-se meus majestosos cantos e encantos!

Tem o tucano que espera por você, caro leitor, para que lhe escreva logo algum poema; e o peixe-boi-marinho, a receber das meninas um carinho em palavras escritas sobre as águas!

Diz ainda a poeta que “VOVÔ VIU A ONÇA no mato/quando era moça (…)” (2012, p. 30). Também tem vez nessa floresta A PREGUIÇA, e há quem pergunte se é verdade que ela é preguiçosa ou “(…) será que o que falta é coragem? (…)” (2012, p. 32). Quem sabe dizer… Não faz mal se você não souber, mesmo assim com lápis de cor você terá muito a fazer, colorindo a preguiça – tão agarrada ao tronco que até parece uma forte corda de treliça!

Afinal de contas, no final das contas, também sobra na floresta (e na vida) muita ESPErseveRANÇA, porque, como diz Priscila, até a araponga, tão pequena e fácil presa, sabe fazer soar alto o seu grito, transformando qualquer medo em grande meio de defesa!

Que tal navegar nessas páginas coloridas, ou a colorir e escrever, de muita vida? Basta encontrar com a PREGUIÇA, CORAGEM E OUTROS BICHOS, que você logo saberá ‘com quantos versos se faz uma floresta cheinha de ‘gente’ boa!

Recomendo muito esse livro tão vivo e que espera, ansioso, por sua leitura, palavra, pintura e traço!

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